{38 semanas}

Agora tá chegando de verdade.

Agora meu bebê pode chegar a qualquer momento. Tô aqui, tão preparada quanto se pode estar. Em meio a fisioterapia, acupuntura e consultas com as parteiras, a gente já deixou a casa pronta pra receber nosso filho. Pegamos a lista do que precisa pra ter o parto em casa, e tá tudo separado, tudo pronto.

Acabou o stress do trabalho, o cansaço de todos os dias, e agora to de licença maternidade. Aqui eu tenho o previlégio de ter um ano pra ficar com meu filho.

E com isso sobrou tempo de olhar mais pra mim. De prestar atenção nos meus sentimentos, no meu corpo, nessa mudança tão grande que parece entrar de todos os lados.

Existe estar pronta? Pronta pra ser mãe de uma pessoa que eu não conheço?

Eu tenho tantos medos, inseguranças, questionamentos de vida, que tem dias que me sinto bem longe de estar pronta.

O que está realmente pra acontecer a qualquer momento? Vai nascer de mim uma pessoa que é parte minha, parte do Léo, mas que ao mesmo tempo é alguém completamente diferente da gente. Um bebê que vai depender da gente totalmente pra tudo, e que vai mudar nossa vida pra sempre.

A gente tá aqui em casa esses dias vivendo os últimos dias como um casal. Muito em breve vamos ter pra sempre um filho. E ter um filho independe de como estaremos como casal. Entende que maluco?

A gravidez precisa mesmo ter essa espera. Precisa dessas lições enormes que só ela é capaz de trazer.

Pra mim tá sendo aprender a não ter controle de tudo. Eu não sei quando o Marvin vai nascer, e tudo bem. Eu não sei como vai ser, e tudo bem também. Não sei se vai ser difícil ou extremamente difícil a adaptação, e tudo bem também. Mas aqui dá pra ver que a Marcela de antes continua aqui. Viram que eu só me preparo para o difícil? Então.

E aí eu, que sempre fui gorda e feliz com meu corpo como ele é, to tendo que aceitar um novo corpo. Uma barriga grande, cheia de estrias que nunca tive. Passei a gravidez toda não mostrando minha barriga por completo, porque eu nunca achei ela linda. Mas, as estrias não vão embora, né? Mesmo depois, elas vão continuar aqui, porque agora elas fazem parte do meu corpo. Hoje eu pedi pro Léo fazer uma foto da barriga de frente. Assim, como eu estou. E olhando pra foto, eu continuo eu. Mesmo com estrias na barriga. Se eu quiser, posso até deixar mais poético e dizer que cada estria é um caminho novo que tive que aprender nessa gravidez.

E foram muitos caminhos, realmente. Eu tive que me aceitar grávida, mudei de cidade, de trabalho, de casa, fiz uma nova imigração, aceitei ficar longe da família e agora também de amigos, enfrentei meus medos internos e externos, inseguranças, incertezas, fiquei enjoada até o sexto mês, tive que aprender a expor meus sentimentos, a chorar mais, a deixar ir, a me desprender, a dormir mais, a me desligar, a me permitir ficar cansada.

E não to querendo dizer que tudo é lindo, maravilhoso, e que é um momento mágico. Eu to tentando deixar mais real mesmo. Falar que é difícil carregar um bebê, que dói, que o corpo muda, que dá medo pra caramba. Que tem dias que eu entro em desespero, e me  pergunto onde eu tava com a cabeça quando achei que tudo bem eu ser mãe.

Mas, hoje, com 38 semanas e 4 dias, eu posso dizer que eu to feliz que tomei a decisão de ter esse bebê. Talvez eu  fique grávida de novo daqui um tempo, mas nunca mais vou estar grávida desse bebê aqui. Do Marvin, que me responde quando eu converso com ele, que parece reconhecer quando o pai dele conversa com ele, que confiou em mim essa tarefa doida de trazer ele nesse mundo.

É, talvez essa aceitação é o estar pronta.

Talvez o estar pronta não é fazer tudo certo. É fazer o que você acredita ser o melhor pra você, e sua família.

E olha, vou te dizer, que família incrível que a gente tá começando aqui.

Vem, Marvin. Pode vir, no dia que você quiser, como você quiser. Sua mãe e seu pai estão tão prontos quanto se pode estar.

 

{20 semanas}

Domingo, dia 18, chegou metade da gravidez.

Passou rápido, e ao mesmo tempo bem devagar.

Não posso dizer que estou amando estar grávida. Tem dias que são difíceis, que o enjoo não ajuda, e que parece que não importa o quanto eu durma, eu vou estar cansada. Mas, eu posso dizer que amo esse bebê.

Tem dias, como hoje, que toda a comida disponível para o almoço me fez enjoar, e eu chorei porque estava com fome e não conseguia comer. Mas dai, vem o marido, e me trouxe dois sanduíches, incluindo um só de tomate ❤ e aí tudo passa bem rapidinho.

No fim, a gente quis saber quem tava aqui dentro. Pensamos e pensamos, mas como a gente já tinha nome tanto pra menina quanto pra menino, a gente queria começar logo a chamar pelo nome.

O Marvin está previsto pra chegar em novembro 🙂

Mesmo assim, eu continuo não querendo que tudo seja só de uma cor, ou só de futebol, ou só de “menino”. Até porque pra gente, isso é pura besteira. Criança pode gostar do que ela quiser (até adultos na verdade, né). Eu quero que nosso menininho escolha as coisas que ele goste por ele mesmo, e não porque a sociedade espera que por ser menino ele tem que gostar de certas coisas.

Um dia de cada vez, agora falta só metade pra conhecer esse pequeno.

{Expecting Marvin}

Fotos do papai, exatamente no dia que completamos 20 semanas ❤

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{♥}

{Esse post é longo, foi difícil de escrever, tá meio sem ordem porque eu queria escrever muitas coisas, mas no fim, ele tá como deveria e exatamente como eu me sinto grávida: com um monte de coisa/sentimento acontecendo ao mesmo tempo}

Tem um tempo que tô querendo vir aqui e escrever. Mas talvez só hoje que consegui formular melhor dentro de mim tudo que está acontecendo.

Há um pouco mais de 100 dias eu descobri que tem uma pessoinha crescendo dentro de mim. Assim, completamente de surpresa. Eu interpretei como se o universo tivesse decidido pra mim minha eterna questão de ser ou não mãe. E continuar grávida foi uma escolha. Escolhi ter esse bebê, escolhi ser mãe.

No meio dessa mudança já grande na vida, veio uma outra, a proposta de mudar de cidade, onde não conhecemos ninguém, nem nada. Escolhemos mudar. Léo disse que o bebê veio pra mexer a vida da gente. Acredito que ele esteja certo.

Mas além de todas essas mudanças externas, vem a maior de todas, o que está acontecendo comigo. E não digo só da barriga crescendo, da falta de controle que tenho do meu corpo, do sono incontrolável, dos enjoos intermináveis, de sentir um bebê se mexendo todo dia dentro de mim. Eu digo da minha transformação como pessoa, de me aceitar diferente, fora do controle de mim mesma, me conhecendo novamente.

A gente se mudou tem quase duas semanas. E a primeira semana aqui foi intensa. Foi correria com documentos, consulta com a parteira, procurando casa, e além de tudo, se adaptar a um outro Canada. A verdade é que por 5 anos não estivemos no Canadá, a gente tava mesmo no Quebec. Parece bobeira dizer isso, mas não é. Tudo é diferente, os processos, a vida, as pessoas.

Durante essa primeira semana eu fiquei no meu canto. Eu respirei fundo incontáveis vezes, me perguntei se foi a decisão certa, senti falta dos meus amigos, da minha família, e fiquei tentando entender todos os sentimentos e como eu respondia a cada um deles.

No começo da segunda semana eu consegui me achar de volta. Só então eu decidi abraçar e aceitar de verdade tudo isso que está acontecendo comigo nesse momento.

Consegui entender que a mudança veio sim na hora certa. Estar grávida é complexo. Ao mesmo tempo que é algo bonito, é um monte de sentimento novo, e da medo pra caramba.

Eu estava me preparando há anos pra ser mãe e nem sabia. Eu lia blogs, reportagens, seguia paginas, tudo que falava sobre maternidade real, sobre parto natural, amamentação, sobre ser mulher, sobre parir. Leio tudo isso há tanto tempo, que talvez por isso quando escolhi ser mãe eu sabia o que eu queria pra gente. Mas, nem toda leitura do mundo te prepara para tudo que você sente.

Pra mim começou pela total perca de controle do meu corpo e personalidade. Eu, que nunca tive sono, hoje durmo 12 horas no dia sem nenhum esforço, e ainda tiro um cochilo no meio da tarde. Fome? Muita! Consigo comer? Não. Tenho enjoos bizarros, e teve dias que tudo que eu consegui comer foi melancia. Marcela que é mega controlada e não demonstra sentimentos? Sumiu! Já chorei no trabalho, já chorei com amigos, já tive crise de existência, já chorei no trailer do Star Wars. Marcela inteligente, melhor aluna/funcionária? Esses dias tive que usar calculadora pra fazer multiplicação. Gente, BABY BRAINS EXISTE.

Tem o medo de me perder. Como pessoa, como mulher, como tudo que eu sou. Mas pra isso tem a terapia, e a melhor terapeuta que me fez entender um pouco mais todo esse processo dentro de mim, e me fez aceitar ainda mais esse momento da minha vida.

Dai vem o mundo externo.

Tem pessoas que se afastam, pessoas que te criticam, pessoas que não entendem nada do que você tá passando, nem mesmo se você quiser explicar. E isso é um processo difícil e mais triste que o normal. Me faz questionar, ver pra onde estou indo, as escolhas que estou fazendo.

Mas dai tem também pessoas que te abraçam, te cuidam, te amam e estendem esse amor pra esse serzinho tão pequeno. Pessoas que te abraçam forte, que te dizem que tá tudo bem. E aí você sente lá no fundo que tá realmente tudo bem.

Tem todo mundo querendo dar opinião sobre qualquer coisa que eu não perguntei. Ah mas parto natural? Amamentação? Mas nossa, ter parto em casa? Doula? Mas já sente mexer assim tão cedo? Como assim não quer saber o sexo? Mas isso, e aquilo e mais tudo que vocês possam pensar. Estar grávida aparentemente é abrir sua vida toda para as pessoas falarem o que quiserem, mesmo se você não abriu porra nenhuma. {Obrigada a Tchulim, pelo malavilhoso vídeo da Cara de Alface que me faz seguir em frente e continuar tendo pessoas na minha vida sem querer matar todo mundo}

E ai tem o amor.

Um amor pela família que eu e Léo estamos construindo que é algo muito, muito maluco. Eu me sinto cuidada, amparada, amada. Léo me faz lembrar que eu posso chorar, me sentir triste, feliz, posso tirar sonecas no meio da tarde, ou ficar jogando Zelda até cansar, que eu posso sim ser egoísta e pensar só em mim e no bebezin. {Não vou fazer uma declaração enorme pra vc Baby, pq to te falando TODOS OS DIAS tudo que preciso, mas obrigada por tudo}

Em novembro bebezin chega por aqui, queremos supresa pra saber o sexo, já tem dois nomes definidos, e estamos estudando, conversando e pesquisando tudo o que a gente acredita que seja melhor pra gente como família.

A gravidez não é tão legal, mas o dia que eu vi um bebê de verdade no ultrassom, foi sem dúvida o dia mais indescritível da minha vida.

Esse texto eu demorei uns 5 dias pra terminar. Sem exagero.

E espero que o próximo não demore tanto, porque escrever me ajuda a organizar todos esses sentimentos que existem em mim. {como já disse minha amiga semana passada}

Muitas mudanças, muita coisa acontecendo, e eu sei que ainda é só o começo.

 

2016

Último dia do ano.

2016 eu me formei. Parecia que nunca ia chegar o dia da última prova, mas chegou, e eu terminei o sexto semestre, o que me deu um diploma.

2016 eu viajei. Eu vi lugares novos, peguei muita estrada, andei horrores, comi comidas diferentes e deliciosas, vi um linx na natureza, comi blueberries direto do pé.

2016 eu trabalhei. Eu comecei a trabalhar com pessoas incríveis, numa empresa que me enche de orgulho, e hoje posso dizer que trabalho com amigos, fazendo o que eu amo.

2016 eu me diverti. Com a família, com os melhores amigos que eu poderia ter, com o marido, comigo mesma. Me diverti de chorar de rir, de acordar no dia seguinte com dor na barriga das risadas da noite anterior. Me diverti jogando em casa, fazendo picnic no parque, num jantar aqui ou na casa de alguém, no cinema, na rua.

2016 eu amei. Over and over again. Passei dias no sofá aproveitando uma séria velha ou nova com ele, dividi todas as alegrias, tristezas, dúvidas e incertezas da vida, dividi sonhos, medos, pensamentos, realizações. Cozinhamos, lavamos louça. Choramos e rimos juntos. Conversamos sobre tudo ou sobre nada. Dormimos e acordamos juntos.

2016 eu me despedi da Molly. Assim, inesperado, praticamente de um dia pro outro. Eu não tive tempo de deixar ela comer o que ela quisesse, ou de deixar ela dormir todos os dias na cama. Eu só tive tempo de dizer que eu a amava, e que ela foi a melhor filha que eu poderia ter tido.

2016 eu cresci. Comecei a me exercitar, a comer melhor, a querer melhorar como pessoa, a ter mais empatia, a querer aprender mais, e isso tudo é um processo contínuo.

2016 eu senti saudade. Eu ainda sinto. Saudade do Fred e da Molly. Saudade da minha família, saudade de estar na praia tomando água de coco, saudade de acordar e ir na padaria comer um pão na chapa com vitamina de laranja. Saudade de ir num show do Otto, saudade de passar a noite toda rindo com meus primos. Saudade de comer um bolo do Osvaldo, ou de ir na minha vó.

Em 2016 aconteceu muita coisa. Como todo ano, aprendi muita coisa e passou rápido sendo devagar. Adotamos um gato que não estava nos planos, arrumamos a sala de jantar, joguei videogame, li, escrevi no moleskine, ouvi música, falei muito, compartilhei pensamentos, e tanta coisa mais.

Não tá sendo um post bonito, ou inspirador, mas é um bom resumo de tudo que ficou marcado nesse ano, um pouco de tudo que aconteceu, bom ou ruim, bonito ou não.

Que venha um ano novo, os 33.screen-shot-2016-12-31-at-12-22-57-pm

Rapidinha.

Blog, eu ando tanto querendo vir aqui, e escrever, falar da vida, do trabalho, da música nova, da Molly, de tatuagem, da amiga, do meu trabalho, da minha chefe, do marido, do feminismo, de tudo. Mas a vida me atropela, a preguiça me vence e eu acabo deixando pra amanhã, até que o amanhã vira 6 meses depois. 

Então, vim aqui dizer, assim bem rapidinho, que a vida tá caminhando, que eu ainda sinto uma saudade doída da Molly, que to querendo um milhão de coisas, mas ao mesmo tempo eu preciso de tempo e que eu finalmente achei um exercício que eu gosto de fazer.

Eu prometo tentar voltar logo, dessa vez não tão rápido, pra falar de tudo e mais um pouquinho. 

Blog, te amo. Molly, saudade. 


 

Pare de tomar a pílula.

Ou usar o anel, adesivo, tanto faz.

Mas calma, a não ser que você deseja engravidar, continue com a camisinha.

Senta que lá vem história.

Em maio do ano passado, na minha visita ao Brasil, aproveitei também pra fazer um checkup de saúde, e fui ver minha ginecologista. Como tinha bastante tempo que eu tomava pílula, ela me pediu pra parar por dois meses só pra dar uma pausa depois de tanto tempo, e logo em seguida, voltar a tomar.

Pois bem, nesses 2 meses eu acabei descobrindo uma nova Marcela.

É incrível o quanto a pílula mudou meu corpo. O quanto me limitou em diversas coisas, e eu nem sabia disso.

Eu posso dizer que me redescobri como mulher. Mudou o humor, o apetite, líbido, TUDO.

A partir dessa descoberta toda, eu decidi parar de vez com a tal da pílula, que me acompanhava por mais de 10 anos.

E além disso tudo, comecei a questionar outras tantas coisas. Por exemplo, por que não investem milhões em pesquisas pra pensar em um anticoncepcional para os homens, que não sofrem com tantos problemas hormonais como nós? Por que não é mais explícito o que realmente acontece com nossos corpos de uma maneira mais clara, que não seja só nas entrelinhas da bula? Enfim, muita coisa que me parece um pouco distorcido demais.

Então, coloco aqui essa sugestão: Vai te conhecer melhor, mulher! Vai lá sem medo, conheça teu corpo, teus desejos, teu humor, sem manipulação alguma. Vai lá que vale a pena.

Vale a pena ser livre.

2016

Ano novo, hora de novas metas.

Eu já acho que a meta de me formar é o suficiente pra me manter ocupada pelo menos até junho, mas deixa eu colocar umas coisas a mais aqui.

Em 2016, eu quero e vou me esforçar para:

  • Curtir o inverno fazendo hiking
  • Tentar patinar no gelo mais uma vez
  • Terminar meus projetos da escola com no mínimo 3 dias de antecedência da entrega
  • Fazer duas viagens grandes
  • Fazer 2 viagens pequenas
  • Escrever no meu blog pelo menos uma vez por mês
  • Me exercitar 2x por semanas ou mais
  • Ler um livro por mês
  • Curtir ficar no sofá assistindo netflix sem fazer nada e não me sentir culpada por isso
  • Lembrar de agradecer de poder fazer as coisas chatas, como lavar roupa e louça
  • Praticar o desapego com pessoas
  • Sair com minhas amigas pelo menos 1 vez a cada 15 dias
  • Parar de reclamar tanto de tudo
  • Parar de falar “eu odeio”
  • Parar de procrastinar
  • Ser mais organizada com minhas coisas pessoais
  • Ir em todos, ou a maioria, dos festivais de graça em Montreal
  • Ir em pelo menos 2 shows que eu queira ir
  • Usar a bicicleta no mínimo 3x por semana durante o verão

Não necessariamente nessa ordem.

Acho que tá bom, né? Pra mim está, então é o que conta.

Sem pressão, calma.

2015

Ainda não é o último dia do ano, mas é o penúltimo. E amanhã, eu pretendo não ficar aqui pensando em tudo que tenho pra falar desse ano.

2015 na minha vida fica como o ano mais difícil, mas também um ano bem feliz e real.

Na verdade, eu divido esse ano em dois. Teve 2015 de janeiro até fim de abril, e a partir daí um outro ano. E esse primeiro foi incrivelmente difícil em um milhão de maneiras diferentes.

Mas, quando tudo se ajeitou, que foda que esse ano foi. Quando conversar adiantou, quando tudo que precisava ser dito, mudado, ajeitado, construído, foi feito, começou um dos anos mais legais de todos os tempos.

E é nele que estou hoje.

Sempre que chega finzinho do ano, eu fico quietinha, pensando em tudo que passou, que eu vivi, nas pessoas que estão na minha vida agora, nas que estão quase saindo, nas que estão chegando, nas pessoas que eu vou levar pro resto da vida como amigas, penso na minha família, no inverno, na Molly, no Fred.

Como eu senti e ainda sinto saudade do Fred. Ainda dói, como se ele tivesse acabado de ir embora. Saudade dessas de chorar muito.

Tem gente que tá quase saindo de vez da minha vida, e pra elas o meu obrigada pelas risadas e momentos que compartilhamos, mas tem diferenças que não convivem juntas mesmo. Isso inclui até momentos da vida. As pessoas vem e vão, e faz parte.

Tem algumas poucas pessoas que hoje eu sei o quanto são essenciais. E essas, eu quero que sempre estejam comigo.

Eu to quase me formando. Tá tão perto que é praticamente palpável. Eu to conseguindo. Recuperei no verão e outono a matéria que eu tinha reprovado, vou me formar no tempo esperado. E a partir daí outros sonhos sendo realizados.

Foi nesse ano que surgiu um dos maiores projetos da minha vida, que me dei conta que to com 31 anos, que criar expectativas só me fazia mal, que ansiedade acaba comigo a ponto de não respirar, e que sonhos loucos podem ser compartilhados.

E também entendi que o que eu acredito em política é diferente do que eu imaginava ser, e por isso mudei minha visão política, e to tentando estudar ainda mais sobre isso.

Foi nesse ano que eu nadei no mar quente de Porto de Galinhas, que eu comi pão francês de manhã com manteiga, que eu passei noites em claro rindo, conversando, jogando com meus amigos. Que eu vi bambis soltos, bem de pertinho. Que eu pendurei todos os quadros na casa.

2015 foi um ano muito EU. Mas que foi muito um ano EU+VOCÊ. E que deu tudo certo.

Que 2016 venha cheio de energia positiva e concretizações. Que seja um ano bom e feliz.

Meio clichê, mas tá ai 365 oportunidades pra fazer o que a gente quiser.

Feliz ano novo!

{a foto é do marido, no dia do meu aniversário de 31 anos}

Let it go. Let it be.

Talvez eu tenha demorado demais pra entender e aceitar muitas coisas na vida, e isso que vou escrever certamente é uma delas.

Precisamos deixar as pessoas irem embora da nossa vida, e isso não significa que tenha algo de errado. Simplesmente significa que hoje, nossos caminhos são diferentes, e que a vida é assim mesmo.

Eu normalmente fico chateada, fico tentando entender o que eu fiz errado, fico repensando, fico triste. Triste porque é um buraquinho que se abre de uma saudade que não é gostosa, não é recíproca.

Dai na aula da última sexta, minha professora de Stress Management falou algo que fez todo sentido: por que a gente tem mania de querer estar com quem não quer a gente, sendo que temos em nossa volta pessoas querendo? Então, vamos parar de gastar nossa energia se preocupando com o porque uma pessoa não gosta da gente, ou nos quer longe, e passar nosso tempo com quem gosta da gente e nos quer perto? Vamos!

So, LET IT GO. LET IT BE.

Senhora Vírus

Quando eu tinha uns 13 anos peguei meningite viral. 40 e tantos dias de repouso absoluto.

Dai com 25, veio a H1N1. Horrível, não conseguia respirar, também repouso absoluto, não podia fazer nada.

E agora, com 31 veio a tal pericardite. Consegui a manha de pegar um vírus que vai pra membrana do coração. E adivinha só? Repouso absoluto.

Passei uma noite no hospital, e quando voltei, ainda pensei “nhé, dá nada, só um repouso mas consigo fazer tudo normal”. Só que não né. De levantar e ir fazer xixi, parece que corri uma maratona e fico sem ar o dia todo. Deitar? Nhé, pra que? Só consigo dormir deitada.

Voltei pra casa segunda a tarde, e hoje, quinta a noite ainda to sem ar, ainda tenho uma dor no peito e braço do lado esquerdo que já cansei e falta de ar no nível não consigo falar muito.

Aqui vos fala a senhora vírus. Deve ter algum dispositivo no meu corpo que olha os vírus mais bizarros andando por ai e fala “poxa, que vírus lindinho, vem aqui pra esse corpo, vamos te receber super bem!”, só pode!

Desculpa tanta reclamação, ta? Mas os dias estão lerdinhos, e cheio de dores.

E um muito obrigada para o marido, que ta me cuidando, me fazendo companhia, cozinhando, cuidando da casa, da Molly, da vida, e ainda tem tempo de me dar amor e massagem.

Mas calma, isso vai passar também.