7 meses

Vá com calma, tempo.

Mesmo que eu me pergunte se aquele dia tão difícil falta muito pra acabar. Mesmo quando as vezes, no desespero, eu choro naquela noite que o bebê não dorme. Eu não tenho pressa.

Não tenho pressa de ver cada conquista nova, de acordar com a mão dele no meu rosto, ou mesmo de passar a noite toda na mesma posição pra que ele se aconchegue no meu peito.

E vão ter dias que eu vou querer que acabem rápido, mas entenda, tempo, é só o anseio de uma nova mãe que tá querendo isso. Porque, na verdade, a mãe que pariu há tão pouco tempo, anda até assustada com o quanto sua cria já tá grande.

E ela sabe que daqui a pouco o bebê vai engatinhar, e andar, e largar do peito, e vai pra escola, e vira adolescente. Essa mãe sabe que esse momento é finito, que a gargalhada que o bebê dá hoje vai acabar para dar espaço a gargalhada de criança, de jovem e de adulto mais tarde. Ela sabe que ele vai caber inteiro no seu colo por pouco tempo. E que o colo vai ser tudo que ele precisa por menos tempo ainda.

Então, tempo, vá com calma. Deixa essa mãe aqui curtir o cheiro de quando ele acorda, a esfregadinha no olho de quando ele tá com sono, as brincadeiras no chão da sala, as noites longas, a mãozinha segurando o pézinho, o sorriso no meio do tetê.

Porque eu não tenho pressa, nem um pouco, de viver tudo que temos pra viver juntos.