92.

Em 2 dias algumas coisas bizarras aconteceram em relação a ‘padrão de beleza’. E eu decidi finalmente escrever algo mais sério a respeito.

Antes de tudo, que fique muito claro que não julgo pessoas que estejam acima do peso (ou não) e estão tentando emagrecer. Acho saudável, e sou a favor sim de mudanças desde que o motivo seja o bem estar da pessoa, e não apenas para atingir um padrão de beleza, que na minha cabeça é tão absurdo que nem existe.

Eu hoje tenho 92kg. Isso mesmo, 92. Uau né? Que enorme de gorda essa guria. Será?

Ouvi ontem no corredor da escola: ninguém com mais de 70kg pode ser feliz. E pior, não é a primeira vez que ouvi isso na minha vida.

Engraçado que tem um limite de peso pra ser feliz. E se eu hoje falar que sou 20kg mais feliz que você? Ou 20kg mais bonita? 20kg mais realizada? Te ofendo? É só mudar a medida que tudo muda. Ser 20kg mais magra que alguém não diz absolutamente nada sobre você.

Eu sou tão bem resolvida com meu corpo. Sou tão feliz com ele. Me lembro de muitas pessoas que passaram pela minha vida que me falavam que se eu emagrecesse ia ficar linda, e eu sempre pensava, nossa, mas me acho tão linda já!

A verdade é que parei de sofrer muitos anos atrás quando insistia em comprar uma calça 42 e nunca entrava.  Quando você se aceita como você é, se acha linda por isso, e não pelo que a sociedade diz o que tem que ser, você não tem mais medo de comprar a calça 46. E eu me aceitei assim. Eu me amo assim, desse jeitinho que eu sou, e não é de hoje. Sou assim tem muito tempo.

Me preocupa milhões de pessoas, principalmente as mulheres, que ouvem isso e imagino o que acontece com a auto estima delas. Eu nem sei o que escrever na verdade, mas vou tentar.

Se desprendam disso. Seja feliz como você é. O padrão de beleza que a sociedade impõe não existe. Mesmo que você fique magra (o que é completamente relativo pra cada corpo) só isso não traz felicidade a ninguém.

O que estou tentando dizer é, você precisa se amar. Gorda, magra, alta, baixa, com espinha no rosto, com namorado, solteira, casada. Você é a pessoa mais importante da sua vida. E quando você entender isso, tudo vai ser mais fácil, mais leve.

Não tenha medo do que as pessoas vão te dizer, porque muitas delas o fazem porque estão tão perdidas que é mais fácil falar do outro.

Se eu fosse me ofender com pessoas próximas a mim que falam que estão gordas (todas com no máximo 65kg) eu teria que parar de falar com muita gente que eu gosto. Pra mim todas elas são tão lindas.

É muito fácil viver isso tudo fora do Brasil. Aqui as pessoas se vestem como querem independente do corpo que elas tem. Vejo uma liberdade muito maior aqui. Quando ouço problemas com peso sendo discutidos, são sempre de estrangeiros. Talvez esse até tenha sido um dos motivos que eu me adaptei fácil por aqui.

E o mais engraçado de tudo isso, é que sei que vão ter pessoas que vão ler até aqui e ainda tão pensando: nossa, ela pesa 92kg, que horror.

Seja livre de rótulos pessoal.

Boa semana.

Contra o Bullying

Eu voltei  a estudar este ano mesmo me sentindo a tiazinha da sala no meio dos adolescentes e me deparei com algo que jurava que não ia encontrar: o bullying.

Ele existe provavelmente desde que o mundo é mundo. Na minha época esse nome nem existia, e muito menos existia algo pra combater. O resultado é que ele ainda entra em pauta nas minhas sessões de terapia.

Mas, voltando aos dias atuais, o bullie da vez é, pasmem, minha professora de literatura inglesa. Eu reclamei dela desde o primeiro dia de aula para o marido, e com o passar das aulas, a situação ia piorando. Na segunda-feira dessa semana resolvi perguntar aos outros alunos o que eles achavam, porque de repente, o problema poderia ser só eu né (mais velha da sala vendo uma professora abusando do seu poder, sei lá), mas não, todos alunos que eu conversei tinham a mesma sensação, que ela era bullie, e pior, era preconceituosa.

Na próxima aula, que foi quarta-feira, sai de lá decidida a reclamar no próximo dia na ‘diretoria’ do meu curso, mas não deu tempo. A surpresa veio logo no dia seguinte pela manhã: uma pesquisa enviada para todos os alunos da sala, sobre nossa opinião sobre vários fatores sobre o método de ensino que ela utilizava, e com direito a fazer comentários pessoais no fim, e o mais importante: anonimamente.

Hoje, 1 dia após responder a pesquisa e relatar tudo que eu tinha visto em sala, recebemos um email nos informando que ela não trabalha mais na escola, e passando o nome do novo professor.

Confesso que fiquei extremamente satisfeita com a rapidez e a forma como foi resolvido. Eles realmente ouvem os alunos, e tomam medidas reais para que o bullying não aconteça.

Pra mim foi um enorme alívio, como se tivessem tirado um peso enorme da minha vida, afinal esse era o único curso que me deixava desanimada de toda minha grade, e o motivo era a professora.

Agora é correr atrás do prejuízo, mas estou feliz demais por ter ajudado efetivamente a combater o bullying.

Espero que as escolas no Brasil um dia possam seguir esse exemplo, sei que faria toda diferença na vida de muitos alunos, bom, teria feito na minha pelo menos.

Com 29 anos e aliviada como se eu tivesse meus 12 de novo.

eu voltei, agora pra ficar

A história é de uma menina que criou o primeiro blog lá quando tinha uns 16 anos. Ela escrevia tudo e nada, achava que sabia tudo e não sabia nada. Depois ela mudou, veio alguns outros blogs. Ela esteve nesse aqui, mudou, e no outro escreveu sonhos, medos e pensamentos, e depois de um tempo, perdeu o blog tão querido. Com ele foi embora um pedacinho da vida dela, que com a falta da memória ela literalmente esqueceu. Tentou um tal de moderno tumblr, mas desistiu.

Ela sentia falta de escrever, e procurou até que achou de volta esse canto.

Nesse meio tempo ela se encontrou no feminismo, nos números, na neve, na vida de estudante.

Claro que ela deixou de ser menina há tempos atrás, e agora ta beirando os 30.

E chega né? O resto é história minha gente.

Bem vinda de volta, Marcela.